Quanto custa um deputado federal?

Democracia brasileira não tem preço, mas os parlamentares têm. E quem paga a conta são os contribuintes

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Os deputados federais fazem parte do 1% da população que, de acordo com o IBGE, recebe mais de vinte salários mínimos (R$ 18.740,00). De acordo com o decreto legislativo 276 de 2014, a remuneração bruta de um deputado atualmente é de R$ 33.763,00. E não é só isso! Cada deputado tem o direito de ter suas despesas básicas e supérfluas pagas pelo pela chamada Cota Parlamentar, estabelecida em Ato da Mesa 43 de 2009. Essa cota pode chegar a R$ 139,7 mil por mês. Com isso, ficam com o salário livre para gastar com o que quiser. Que vidão, hein!!

Cada um dos 513 deputados federais usam a cota parlamentar para custear o que nós, pobre mortais, ralamos duro para pagar: gasolina, passagens aéreas, despesas de escritório, contratação de funcionários, consultorias, auxílio moradia, internet, tv a cabo e muitas outras vantagens. Os valores são variáveis, mas podem chegar a R$ 860,4 milhões por ano, somando-se todos os deputados. Isso considerando somente a cota parlamentar. Já os salários somam R$ 225,16 milhões por ano. Um total de R$ 1,08 bilhão por ano. O que dá para fazer com tanto dinheiro? Pagar 98,6 milhões de trabalhadores, com um salário mínimo, durante um ano. Também daria para construir 400 hospitais, ao custo de R$ 27,5 milhões cada. Nada mal, não é?

A cientista política Beatriz Lima,26 anos, afirma que esses proventos podem atrair pessoas a se candidatarem, “Existem ótimos benefícios, e também muita gente mal intencionada que não representa ninguém além de si mesma"., argumenta.

Já o assessor parlamentar Bruno Menezes,42 anos, garante: os benefícios salariais dados aos deputados só são atrativos para as parcelas mais humildes da população.

“Boa parte dos políticos vem de famílias com boa condição financeira e, para os mesmos, os valores ganhos estão muito abaixo da realidade em que foram criados” afirma

Vamos comparar?

Para grande parte da população a realidade é outra, bem diferente... Antônio Ferreira, 52 anos, é motorista de cargas e faz parte dos 32,5% da população que recebe apenas um salário mínimo. Ele trabalha há quinze anos na mesma empresa e conta que os benefícios oferecidos não são muito animadores: “Basicamente nós temos vale transporte e ticket alimentação, que é descontado do salário bruto. Tem o plano de saúde que antes era pra toda família, foi cortado e hoje é só pra mim."

Ao compararmos o cidadão com um deputado, podemos perceber que o padrão de vida é totalmente desproporcional. Quem custeia salários e Cota Parlamentar dos deputados somos nós, o contribuinte acaba pagando o preço.

Ferreira diz que as regalias oferecidas aos deputados não o surpreende. “A vida é assim, alguns ganham mais e outros menos", diz, conformado. "O que nós devemos fazer é saber escolher em quem votar, para que todos esses benefícios possam ir para uma pessoa que realmente vista a camisa e trabalhe em prol da população”