Em cima do skate todo mundo é igual
- Francisco Junio
- 29 de mar. de 2017
- 2 min de leitura
A inclusão de pessoas com limitações físicas, cresce dentro do universo do skate, é o caso de Mateus Moreira, skatista de Águas Claras.
Desde a sua chegada ao Brasil, em meados dos anos 70, até os dias atuais, o skate ainda é visto com um olhar preconceituoso por parte da sociedade. Não são raros casos de discriminação ou resistência contra skatistas.
Porém, esse estilo de vida tem em sua raiz valores importantes que moldam a vida de alguém, como perseverança, determinação, inclusão, companheirismo, respeito, valores que podem ser vistos na vida de Mateus Moreira, um adolescente de 16 anos, morador de Águas Claras.
Mateus nasceu com mielomeningocele, uma má formação congênita que lhe impede de andar, e encontrou no skate uma forma de superar sua deficiência e mostrar que era capaz de fazer coisas que todo adolescente de sua idade faz.
Teve o seu primeiro contato com o skate há 6 anos, quando em um evento de paraskatistas conheceu Roque de Souza, um dos primeiros skatistas portadores de deficiência física. Depois disso, não parou mais.

Mas como andar de skate sem o movimento das pernas? Até ele mesmo duvidava que isso seria possível. Porém, um dia, impulsionado por alguns amigos que andavam de skate em baixo do prédio onde moram, subiu no “carrinho” pela primeira vez, e percebeu que era possível sim.
“No começo foi tudo novo, mas minha adaptação foi tranquila, apesar de bem duradoura. Minha mãe ficou com receio perguntando como eu faria isso, mas com o passar dos anos, e vendo a minha evolução, ela aceitou e me apoiou.”, explica o skatista.
Em cima do skate não existem diferenças, mesmo com cada um tendo suas limitações. Como explica Marco Antonio, o “Marcolino”, integrante e professor dos LongBrothers Brasília, grupo de skatistas que se reúne nos finais de semana no final do eixão norte para praticar o esporte.
“Aqui nós temos vários brothers que tem alguma limitação, mas sempre procuramos trata-lós como qualquer outra pessoa sem limitações, incentivando e procurando evoluir em todos os sentidos. Seja nas questões de superar obstáculos físicos ou qualquer outro tipo. Ao tratarmos com naturalidade as “limitações” de cada um eles se sentem mais de igual pra igual e fortalecidos na questão psicológica. Assim, conseguem vibrar muito ao ver que as barreiras são apenas psicológicas e não físicas.”, afirma Marco Antônio.

O skate, seja em qual for a sua categoria, ajuda muito, pois requer equilíbrio, foco e superação. Para se executar uma manobra, o skatista cai e se levanta muitas vezes, durante várias tentativas, e quando se acerta é uma vitória. É um aprendizado, pois ao acertar uma já é um passo para outra. Ou seja, sempre se superando e evoluindo. Segundo Marco Antônio, “cadeirantes são os mais aplicados e ativos em nossos encontros”.
Durante uma visita a uma sessão (momento em que os skatistas se reúnem para andar) na pista de Águas Claras,admiração dos skatistas locais tem por Matheus, é contagiante “Quando eu chego em algum lugar para andar de skate as pessoas ficam admiradas com minha garra e determinação”, afirma Mateus.
O skate, além de um estilo de vida e esporte tem o papel social de poder transformar vidas, abrir novos horizontes e mostrar que podemos fazer tudo que quisermos. “Skate é isso, perseverança e determinação. O resto não importa. Vamos andar de skate.”, finaliza o adolescente e vitorioso skatista.

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